“Estou perfeitamente em paz com a minha consciência e com a vida que levo”, diz Álvaro Cassuto, no final de uma longa conversa pontuada por um tranquilo entusiasmo de quem sente que fez aquilo que quis e do modo que entendeu dever fazê-lo. Maestro aclamado mundialmente, foi discípulo de Fernando Lopes-Graça e de Pedro Freitas Branco e conviveu de perto com Joly Braga Santos, de cuja obra é hoje o principal divulgador. Foi director de diversas orquestras em Portugal, Estados Unidos e Israel, e é actualmente o maestro principal da Orquestra de Bari, em Itália. Agora, está sobretudo empenhado num projecto de gravação de obras de autores portugueses para uma importante editora internacional, que está a ter grande aceitação da crítica especializada. Um trabalho para o futuro, de que muito se orgulha.
Autores - O Álvaro Cassuto é descendente de uma família de judeus que saiu de Portugal no século XV e se fixou em Itália e depois na Alemanha e na Holanda. Mas, em vésperas da II Guerra Mundial, os Cassutos regressaram a Portugal. Como foi essa saga familiar?
Álvaro Cassuto - O primeiro Cassuto de que tenho conhecimento é um tal Isaac Cassuto que em 1482, segundo reza um documento que existe na Torre do Tombo, recebeu autorização de D. João II para fazer obras nas casas que ele possuía na Judiaria, em Lisboa, e que tinha comprado há 40 anos, ou seja, em 1442. Portanto, pelo menos desde 1442 que existia em Lisboa um Cassuto que, depois de 1492, quando foi da expulsão dos judeus de Espanha pela Inquisição, é muito natural que não quisesse ficar cá. Depois apareceram vários Cassutos em Itália e em vários outros sítios. Os meus antepassados vieram de Livorno, onde estavam no século XVIII, altura em que se mudaram para Amesterdão, onde nasceu o meu trisavô, que depois se mudou para Hamburgo, onde nasceram o meu bisavô, o meu avô e o meu pai. O meu bisavô, por exemplo, foi entrevistado em 1899 pelo professor Leite de Vasconcelos, que escreveu a sua dissertação de doutoramento (publicada em 1900) sobre dialectos portugueses. E entrevistou o meu bisavô, Isaac Cassuto também – coincidentemente tinha o mesmo nome do nosso antepassado do século XV – que era alemão mas falava português. Porque os judeus sefarditas, que vinham da Península Ibérica, tinham por tradição manter a língua original. Meu pai estudou Filologia Latina em Hamburgo, estudou português, e foi o professor dele que, em 1933, quando quis sair da Alemanha, lhe sugeriu virem para Portugal. Ele era do Porto, leitor de português na Universidade de Hamburgo, e foi assim que o meu pai, quando tinha 22 anos, veio para Portugal e se instalou no Porto, onde eu nasci. É, efectivamente, o fechar dum círculo que tem mais de 500 anos.
A - Escusado será dizer que todo esse passado familiar lhe deixou marcas…
AC - Sim, marcou-me, naturalmente. Porque, repare: quando fui educado aqui em Lisboa, a primeira escola que frequentei foi a Queen Elisabeth School, uma escola inglesa na Travessa da Quintinha, onde estive quatro anos. E depois estive cinco anos no Liceu Francês, porque o meu pai não estava seguro se nós íamos ficar em Portugal durante a guerra, não se sabia o que iria acontecer, e portanto pelo menos eu falava alemão em casa, aprendi inglês e francês em criança, e português também, e assim aos 10 anos já falava quatro línguas. É óbvio que não me sentia muito à-vontade em Portugal, porque me sentia um estrangeiro num país de acolhimento, por assim dizer. Hoje em dia, essa sensação desapareceu por completo, e sinto-me um europeu que nasceu em Portugal. Depois o meu pai voltou à Alemanha, para tratar de assuntos que estavam pendentes e para visitar sobreviventes e amigos, e eu, falando alemão como língua materna, apercebi-me que o nível cultural na música na Alemanha não tinha qualquer comparação com o que se passava em Portugal. E por isso muito cedo me empenhei na minha actividade profissional, no sentido de ajudar a mudar as coisas e resolver os problemas. E cheguei à conclusão que o principal problema do nível das nossas orquestras – isto passa-se nos anos 60 – era, acima de tudo, uma questão de gestão. Não era por causa dos músicos: havia bons músicos e maus músicos, mas se há um mau músico numa orquestra, a responsabilidade não é do músico, é de quem o deixa lá estar. Ora a Orquestra da Radiodifusão, que tinha sido criada pelo maestro Freitas Branco em 1934, começou por ser um organismo em part-time, em que os músicos de manhã tocavam nas suas bandas – da Guarda Nacional Republicana, da Força Aérea, da Marinha, etc. – e ensaiavam à tarde na Orquestra. Não eram condições de trabalho minimamente aceitáveis.
A - E tentou mudar isso?
AC - Quando fui nomeado subdirector da Orquestra da Rádio, em 1970, a minha primeira preocupação foi tentar resolver alguns desses problemas. Por exemplo: criei uma Associação de Amigos da Orquestra que se destinava a comprar instrumentos, porque os instrumentos que os músicos usavam eram fraquíssimos e eu, que naquela altura já vivia nos Estados Unidos (para onde me tinha mudado porque tinha chegado à conclusão de que se ficasse cá não saía da cepa torta), enviava instrumentos de música, através da mala diplomática…
A - Pela mala diplomática?!
AC - O embaixador de Portugal em Washington foi muito simpático: eu comprava os instrumentos em Nova York, levava-os para Washington e eles vinham por mala diplomática. Depois ia buscá-los ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e entregava-os aos músicos. Tudo isto para dizer que, desde muito cedo, me empenhei em tentar resolver os problemas que encontrava, que são problemas essencialmente administrativos, não são problemas artísticos.
A - Imagino que não deve ter sido fácil…
AC - Não foi, porque a partir do momento em que uma pessoa descobre uma coisa que está mal, há alguém que se sente visado por ser responsável pelo que está mal. E, evidentemente, esse alguém torna-se um inimigo. Ora, a minha alternativa seria fechar os olhos, e não dizer nada, mas aí não se resolviam os problemas. A minha intenção era a melhor, mas os resultados muitas vezes foram os piores, precisamente por falta de autocrítica, ou por desconhecimento das pessoas responsáveis. E isto passou-se até à extinção das orquestras da Radiodifusão, contra a qual eu lutei, mas que não consegui salvar. O ministro da Cultura, Coimbra Martins, ainda me convidou para voltar para pôr a funcionar a Régie Sinfonia, que foi criada por decreto-lei para serem transferidos para ela os músicos das orquestras da Radiodifusão, de Lisboa e do Porto, mas isso não evitou que as orquestras fossem extintas.
Falta de especialização em cargos de poder
A - Depois criou a Nova Filarmonia…
AC - Criei a Nova Filarmonia Portuguesa, onde estava à-vontade, porque era uma orquestra privada, e que funcionou muito bem. Teve o patrocínio do Presidente da República, dr. Mário Soares, e eu fazia a angariação de fundos, contactava os músicos, realizava os concertos, etc. Fazíamos 140 concertos por ano em todo o país, e foi um projecto pioneiro, porque, pela primeira vez, Portugal foi todo coberto por música sinfónica, o que até então nunca tinha acontecido.
A - E em 1993 funda a Orquestra Sinfónica Portuguesa.
AC - Quando fui convidado para fundar a Orquestra Sinfónica, que nos primeiros anos se estabeleceu como a grande orquestra, pouco a pouco, verificou-se que o Teatro Nacional de São Carlos queria colocá-la na sua dependência. Eu opus-me a isso, porque entendia que a Orquestra Sinfónica Portuguesa devia ser uma instituição com autonomia artística, assim como o governo a criou. Mas o governo seguinte entendeu que não devia ser assim e decidiu integrá-la no Teatro Nacional de São Carlos. A Orquestra perdeu a autonomia, ficou subalternizada, e deixou de ser a grande orquestra do país. No meu tempo, a Orquestra fazia 50 concertos por ano, fazia gravações em discos, e tinha um grande nível artístico, tendo sido convidada para digressões na Europa e em vários sítios. E hoje faz seis ou sete concertos sinfónicos. Mas não é um problema artístico, porque os músicos são os mesmos. É mais um problema de gestão.
A - Será uma fatalidade portuguesa?
AC - Não é uma fatalidade. É porque, infelizmente, as pessoas que estão à frente das instituições, muitas vezes não são especialistas na matéria. Mas, como têm o poder, acham que devem ser eles a mandar. Num hospital não é o director que vai dizer como se faz uma operação, são os especialistas que determinam as regras pelas quais se orientam. E quando uma orquestra está integrada numa outra instituição, com um director generalista, que é quem comanda as operações e não ouve os seus subalternos, há um problema. Mas em Portugal temos a tradição de que quem está num lugar de chefia é que manda, em vez de coordenar, que seria uma melhor maneira de resolver os problemas: chamar os especialistas, deixar que eles decidam, e coordenar a máquina administrativa.
A - Porquê? Por receio de perder a autoridade?
AC - As palavras são suas…
O direito e o dever de apontar as coisas que estão mal
A - É um problema que existe em muitas áreas, não é só na música...
AC - Exacto. Eu estive 20 anos nos Estados Unidos e fui lá director de três orquestras diferentes. E lembro-me perfeitamente de que todas as semanas, à segunda-feira de manhã, antes de começarem a trabalhar, havia um staff meeting, uma reunião de todas as pessoas responsáveis pelos vários sectores, para analisarem o que é que correu mal no período anterior. Quando eu quis pôr em prática esse tipo de filosofia aqui, foi impossível, porque as pessoas não estão minimamente interessadas em discutir o que está mal. Isto, inclusivamente, reflecte-se na nossa linguagem, nós nunca somos responsáveis por nada. Dizemos, por exemplo, que foi “o volante que me fugiu das mãos” ou “o copo que me fugiu das mãos”, em lugar de dizermos “deixei cair o copo” ou “não consegui controlar o volante”. A linguagem reflecte esta ideia de não assumir as responsabilidades.
A - Há aí algum desencanto com Portugal?
AC - Não, não há desencanto. Todos os povos são diferentes, e ainda bem que o são. E nós também temos aspectos muito positivos, como por exemplo a capacidade de trabalhar no improviso, coisa que com os alemães, por exemplo, é impossível. Se na Alemanha uma coisa não estiver planeada com seis meses de antecedência e houver necessidade, à última hora, de improvisar alguma coisa é uma catástrofe, ninguém consegue resolver os problemas. Aqui em Portugal fazem-se milagres, as pessoas dedicam-se de alma e coração a resolver as coisas. Nós vivemos num país que tem excelentes qualidades, temos grandes compositores, como Luís de Freitas Branco ou Joly Braga Santos, que são reconhecidos em qualquer parte do mundo. No entanto, aqui em Portugal não são tocados. Porquê? O Joe Berardo, quando foi da inauguração do seu museu, dizia que nós temos uma riqueza cultural enorme, mas que não sabemos “vendê-la”, e isso é verdade.
A - Será por falta de amor-próprio?
AC - Não sei. É muito fácil analisar, mas não vale a pena encontrar uma resposta se não se fizer nada. Nós, portugueses, temos o direito e o dever de apontar as coisas que estão mal, para que os estrangeiros que nos visitam possam dizer bem do nosso país. Essa é a minha maneira de olhar para as coisas. Quando aponto alguma coisa que não está bem, faço-o não para dizer mal, mas para que possa ser melhorado, para bem do meu país. Nós temos qualidades imensas, temos excelentes músicos, excelentes compositores, e temos uma cultura de muitos séculos, que merece uma difusão internacional.
A - Foi isso que o levou a envolver-se num projecto de gravações internacionais de obras de compositores portugueses?
AC - Esse é o projecto em que estou presentemente mais envolvido, já que tendo deixado a chefia administrativa de orquestras e tendo-me libertado da frustração de ver tantos problemas insolúveis, agora estou a concentrar-me na difusão internacional da nossa música através da Naxus, que é a maior etiqueta internacional de edição de discos. Já gravei a integral das sinfonias de Joly Braga Santos, estou a fazer o mesmo com as sinfonias de Luís de Freitas Branco, as críticas internacionais têm sido excelentes, e são revelações para o público internacional, porque até agora não houve maneira de mostrar lá fora o que é feito em Portugal. É um projecto altamente estimulante, até porque são gravações que ficam, não é mais um concerto, que é ouvido por xis pessoas e que no dia seguinte é esquecido.
A - Nesse projecto, tem trabalhado com várias orquestras?
AC - Tenho trabalhado com várias orquestras, mas tenho que angariar fundos em Portugal para comparticipação nas despesas de produção artística. Porque a Naxus assume uma grande parte das despesas, mas exige que o país de origem das obras também contribua com alguma coisa. Neste momento, as orquestras com que estou a gravar são orquestras estrangeiras. Se os responsáveis das orquestras portuguesas o quisessem, também poderia gravar com elas…
A - Sente-se de alguma forma magoado ou frustrado pelo destino que tiveram alguns projectos em que se envolveu?
AC - Sim, fiquei muito magoado com a extinção das orquestras da Radiodifusão Portuguesa, que foi totalmente injustificada. A BBC tem a sua orquestra, a orquestra com que gravo, na Irlanda, é a Orquestra Nacional da Rádio da Irlanda, administrada pela RTE, a Radiotelevisão Irlandesa. Existem orquestras de rádio na Alemanha, em França, em Itália, não há nenhuma razão porque a Rádio e Televisão de Portugal não tivesse a sua orquestra. Acho que foi um erro cultural, e acima de tudo foi a destruição de um monumento cultural vivo. Depois, outro erro, como já disse, foi integrar a Orquestra Sinfónica Portuguesa no Teatro Nacional de São Carlos, subalternizando-a e retirando-lhe a autonomia. E também criei a Orquestra do Algarve, que era para ser “a jóia da coroa”, um pólo de atracção turística, de elevada qualidade, mas que, devido a problemas de gestão e financeiros, se transformou numa orquestra regional quando poderia ser uma orquestra de cariz internacional… São tudo coisas que me escapam e que, evidentemente, me levaram a afastar-me gradualmente da gestão de orquestras. Concluí que em todas elas existiam forças que me ultrapassavam e que, portanto, era melhor eu dedicar-me a projectos artísticos meus, como é o da internacionalização do repertório sinfónico português de elevado nível artístico, gravando-o para uma etiqueta internacional.
A - Apesar dessas mágoas, o balanço que faz da sua vida é positivo…
AC - Sim. A carreira que tenho, e de que muito me orgulho, que me levou a ser director de cinco orquestras estrangeiras, e o reconhecimento internacional que tenho tido compensa largamente as frustrações. E tenho a consciência totalmente tranquila de que, se entrei em colisão com algumas pessoas, foi por uma boa causa e, em retrospectiva vê-se que tinha razão nas causas que advogava. Eu não sei muita coisa, mas aquilo que eu sei, sei. E sinto-me um especialista em orquestras, e portanto sei detectar os problemas onde eles existem e sei como resolvê-los. Mas se não me deixam resolvê-los, paciência, vou bater a outra porta. Mas, pronto, a nossa vida tem coisas positivas e coisas negativas, é mesmo assim. Eu prefiro olhar para o copo meio cheio do que para o copo meio vazio…
O desencontro como compositor
A - Além do seu trabalho como maestro, há também a sua faceta de autor. Neste seu projecto de gravações, o compositor Álvaro Cassuto não entra?
AC - Não. O compositor Álvaro Cassuto não entra, como não entra nenhum compositor vivo. Porque a história é ela própria o melhor crítico para separar o trigo do joio, o tempo que passa distingue as obras que vão ficar das outras, que podem fazer um grande furor no tempo em que são criadas e apresentadas, mas que não são mais do que obras de circunstância. Sempre foi assim. Mozart é hoje muito mais apreciado do que quando era vivo. E há outros compositores que foram celebérrimos em vida e hoje são figuras secundárias. E como as gravações que eu faço para a Naxus são para ficar, e não são de promoção de determinado compositor, eu estabeleci como regra que só gravo obras que já provaram que hão-de ficar para o futuro, e não obras que ainda estão sujeitas a esse processo de selecção. Além disso, em relação aos compositores vivos, se eu incluo obras do compositor X, os restantes ficam ofendidos por não os incluir, e crio mais conflitos do que já tenho, desnecessariamente. E a própria Naxus também está interessada em promover a cultura portuguesa não na perspectiva do que se faz hoje, mas antes daquilo que existe e que provou ser bom e que não se encontra nos mercados internacionais. E acho que esse é um critério muito saudável.
A - Em todo o caso, como é que o maestro Álvaro Cassuto olha para as obras do compositor Álvaro Cassuto?
AC - De uma forma muito negativa. Eu comecei a minha carreira como compositor, porque, naquela altura, estava muito envolvido na vanguarda, tinha um pé em Portugal e outro na Alemanha, frequentei os cursos de Darmstadt, onde privei com figuras como Stockhausen, Pierre Boulez, Luigi Nono ou Messiaen, as grandes figuras da música de vanguarda. Achei que tinha por obrigação ajudar a renovar a linguagem dos compositores portugueses da minha geração e por isso fui o primeiro a compor uma obra dodecafónica em Portugal, a minha primeira Sinfonia Breve, em 1959. Mas, pouco a pouco, vim a reconhecer que a vanguarda tinha mais a preocupação do novo do que do bom. O que estava em causa era, de obra para obra encontrar uma nova linguagem, e isso nunca deixa aprofundar nem deixa desenvolver a qualidade intrínseca daquilo que se faz. Haydn escreveu 104 sinfonias e são todas num mesmo estilo que se ia desenvolvendo de uma forma natural. Mas a vanguarda dos anos 60 fazia tábua rasa de obra para obra o que, como vim a reconhecer mais tarde, era um grande defeito. Isso fez com que não houvesse continuidade estilística daquilo que eu estava a escrever e, finalmente, eu não tinha uma linguagem própria. Estava à procura de encontrar novas linguagens em cada obra, e quando cheguei à conclusão que esse era um caminho errado, pura e simplesmente deixei de compor.
A - Isso aconteceu em que altura?
Ac - Foi quando eu já tinha perto de 50 anos e fiz um concerto com a Orquestra da Radiodifusão Portuguesa integralmente dedicado a obras minhas. Cheguei a essa triste conclusão de que não me encontrei e agora era tarde demais para me encontrar. Talvez futuramente alguém possa encontrar alguma qualidade numa ou noutra obra minha, e se tal vier a acontecer, muito bem. Também Rossini deixou de compor aos 36 anos, e ainda viveu muitos mais. Portanto, o facto de eu ter deixado de compor – com excepção dos “Fados Sinfónicos”, em 2006, onde que, pela primeira vez, um compositor de música erudita se dedica seriamente em criar uma obra sinfónica em que o fadista aparece como solista, com o acompanhamento das guitarras tradicionais – não invalida que tenha escrito um bom núcleo de obras que a história, depois da minha morte, irá decidir se têm ou não alguma validade. E se tiverem, então alguém que siga as minhas pisadas e que se dedique à difusão internacional da música portuguesa, se achar que as minhas obras têm validade e que merecem essa honra, que o faça. Mas eu não o vou fazer.
Revista Autores - Jan./Mar. 2010