A história incrível de Matías Perez

A história incrível de Matías Perez

Há 150 anos, um comerciante português a viver em Havana subiu aos céus num balão e tornou-se o precursor da aeronáutica nas Caraíbas. A aventura acabou em tragédia e nunca mais ninguém soube do seu paradeiro, mas ficou o seu exemplo e a sua história, contada e cantada através dos tempos. E até deu origem a uma expressão popular que ainda hoje se utiliza em Cuba: «Voou como Matías Pérez».

Naquele fim de tarde de domingo, 29 de Junho de 1856, Matias Peres tinha razões de sobra para se sentir feliz. Onze anos antes desembarcara em Havana, vindo da longínqua Lisboa, disposto a fazer fortuna. De português anónimo passou rapidamente a cidadão respeitado, com estatuto suficiente para ser uma primeira figura na sociedade chic de Cuba.

De simples comerciante de toldos, fez-se, por mérito próprio, mestre da arte de voar - e, no dia 12 desse mês de Junho, efectuara, com grande êxito, a sua primeira viagem solitária em balão pelos céus da capital. Viagem curta, é certo, mas que bastou para garantir o bom sucesso da iniciativa e lhe valeu os mais rasgados elogios na imprensa local.

Agora, Matías Pérez (o convívio de mais de uma década com os cubanos castelhanizou-lhe o nome) propunha-se realizar uma segunda viagem pelos céus de Havana. O enorme balão de ar quente ocupava todo o centro do Campo de Marte, a praça central de Havana, frente ao Teatro Tacón e ao futuro Hotel Inglaterra - onde, alguns anos depois, haveria de morar outro português ilustre, Eça de Queiroz, cônsul de Portugal nas Caraíbas no terceiro quartel do século XIX. Minuciosamente, Matias conferiu as condições do aeróstato, certificando-se do bom estado das amarras, enquanto distribuía cumprimentos por quantos o rodeavam.

Provavelmente terá bebido um trago de rum e fumado um "puro", antes da partida, embora desses gestos não ficasse registo para a posteridade. O que se sabe, pela imprensa cubana da época e pelos vários livros onde a sua desdita vem relatada, é que "ali se encontravam presentes D. José Gutiérrez de la Concha [governador e capitão-general da ilha] e toda a hierarquia civil e militar", bem como "los señorones de la alta nobleza" que não queriam perder pitada do histórico acontecimento.

A assistência incluía ainda "muitos professores e membros da Academia de Ciências", de acordo com a reportagem do Diário de La Habana do dia seguinte. "Depois dos breves discursos de rigor foi entregue a Matías um ramo de flores que deveria depositar no altar da Virgem da igreja mais próxima do lugar em que faria a sua descida", acrescenta o periódico. "Estas flores foram-lhe entregues por D. Rosa González del Valle y Domínguez, filha do famoso médico e reitor da Universidade de Havana, doutor Fernando González del Valle y del Cañizo".

Por seu lado, o aeronauta encarregara-se de escrever e imprimir uma mensagem poética que, uma vez no ar, espalhou sobre a cidade. Redigida, naturalmente, em espanhol, era dedicada às mulheres cubanas e rezava mais ou menos assim:

«Ao dedicar-vos, jovens formosas
Minha segunda ascensão, meu pensamento
Fixo em vossos olhares carinhosos
Em vosso nobre e nítido portento.
Sois na vida perfumadas rosas
Dais harmonia ao sonoro vento
E quando intrépido aos ares eu suba
Vivam - direi - as virgens de Cuba.»

Mal podia imaginar o pobre Matias que este seu gesto romântico, tipicamente lusitano, seria também o seu testamento. De acordo com as crónicas dessa aventura, "os ventos fortes que sopravam de sudoeste empurraram o balão na direcção do mar" e, num instante, Matias e o seu engenho voador perderam-se de vista. Ainda houve quem se desse conta da sua passagem sobre o Castillo de la Chorrera, na zona do Porto Velho, e uns homens, num barco, ter-lhe-ão mesmo feito sinais para que baixasse. Mas, a estes, o português terá respondido deitando mais lastro borda fora e acenando uma derradeira despedida, rumo à eternidade. E nunca mais ninguém o viu.

Gratidão pela pátria adoptiva

A aventura de Matias Peres nos céus de Cuba começou algum tempo antes, com a chegada a Havana de um aeronauta francês - referido, em todos os relatos, apenas como M. E. Godard -, que por ali andou ganhando a vida com demonstrações de voo e palestras sobre o tema. Nessa altura, o português dedicava-se ao comércio de toldos, na loja que possuía na Calle Neptuno, "El Rey de los Tolderos". O negócio corria de vento em popa, Matias era bem visto entre a comunidade, mas tinha outras ambições.

Como marinheiro, terá percorrido as costas de África e da Ásia, antes de se fixar em Havana. Ali montou o negócio dos toldos, suficiente para o seu sustento, mas pequeno de mais para satisfazer a sua ânsia de protagonismo. O encontro com Godard foi a oportunidade por que esperava para, literalmente, dar asas à sua imaginação.

Na sala do Teatro Tacón - actual Teatro García Lorca e sede do Centro Cultural Galego - assistiu a todas as palestras do mestre, cujos voos acompanhava até ao mais pequeno pormenor. As suas habilitações como alfaiate e fabricante de toldos permitiram-lhe entrar no círculo de colaboradores de Godard, tornando-se responsável pelas reparações dos seus balões. E, algum tempo depois, estreava-se como seu acompanhante (nessa altura não se podia falar de "co-piloto") nos voos de demonstração promovidos pelo francês. De uma dessas vezes, a experiência quase terminou em desastre, conforme relatam os jornais da época: "O intrépido aeronauta [Godard] esteve prestes a receber no último domingo [18 de Maio de 1856] um banho forçado na companhia da sua não menos denodada esposa e do Rei dos Toldos, que se mostrou um aficcionado incondicional das viagens aéreas".

A imprensa de Havana seguiu muito de perto o sonho de Matias e, por isso, é possível hoje reconstituir com alguma fidelidade os passos que antecederam a aventura final. Deste modo, pelo Diario de La Habana de 22 de Maio desse mesmo ano, ficamos a saber que "o 'rei dos toldos' tomou o gosto ao ofício [de voar], a ponto de ter comprado a Godard, segundo se diz, o globo 'La Villa de París', no qual se propõe efectuar brevemente uma ascensão por sua conta e risco".

Efectivamente assim foi. Por essa altura, já Matias Pérez tinha conseguido um certificado de capacidade como aeronauta, a que se refere na carta que, a 29 de Maio, enviou ao capitão-general da ilha, solicitando autorização para a sua primeira experiência de voo:

"Depois das necessárias instruções que recebi do hábil aeronauta M. Godard, cujo certificado tenho a honra de incluir, e desejando dar uma prova evidente da gratidão que me anima perante uma uma população na qual encontrei um acolhimento que me faz chamar-lhe minha pátria adoptiva, e crendo que de nenhum modo poderia demonstrá-lo melhor do que destinando metade do produto da bilheteira dessa primeira função aos fundos da caritativa instituição de Beneficência Domiciliária, que com tanto acerto preside a ilustre Esposa de V.E., valho-me deste modo para suplicar a V.E. que interceda junto da Exma. Sra., sua bondosa Esposa, a fim de que se digne aceitar este humilde oferecimento da minha parte. (...) Confio em que com a sua nunca desmentida benevolência se digne V.E. honrar-me com a correspondente resposta a fim de tomar com tempo as medidas necessárias ao melhor resultado do meu intento, e tenho a honra de oferecer-me às ordens de V.E. seu mais humilde e seguro servidor que roga ao céu pela conservação dos seus dias."

A resposta, afirmativa e assinada pelo próprio general Concha, veio logo dois dias depois - prova de que, nesse tempo, a burocracia havaneza era muito mais simplificada. Tal como a petição de Matias, também a autorização do governador se encontra actualmente no Arquivo Histórico de Havana. Reza assim:

"O Governador Geral, inteirado da solicitude de V. de 29 do corrente, determina que pode V. dedicar, segundo os seus desejos, à Associação de Beneficência Domiciliária desta cidade metade do produto da bilheteira da primeira função aerostática que se propõe realizar nesta cidade, nos mesmos termos e do mesmo modo que o fez M. Godard. Combine a forma de recolha do produto das entradas e da sua divisão com o sr. governador político de Havana."

E Matias subiu aos céus

 A partir desse momento, Matias desdobrou-se em declarações públicas, dando conta da sua intenção, "alentado pelos bons resultados que conseguiu o célebre aeronauta Godard, meu digno mestre nas inumeráveis ascensões que realizei". E, num discurso que não deve nada à modéstia, anunciava: "Cheio de intrepidez, imitando o seu arrojo e valentia, não vacilei um momento em anunciar a minha primeira ascensão que se verificará quinta-feira, dia 12, sem outra ajuda que não a da Providência, sem mais esperança se não a da ilustre sociedade a quem tenho o gosto de dedicar esta função."

No dia anunciado, às cinco da tarde, começaram os trabalhos de enchimento do balão, perante uma multidão imensa que acorreu ao local, para desgosto dos empresários das salas de espectáculos de Havana que, ao jornal Gacetín desse dia, afirmavam que "as salas de todos os teatros ficariam vazias por ir-se o público ao parque a ver o globo".

Na verdade, assim aconteceu. E, às seis em ponto, enquanto "uma orquestra executava excelentes peças", Matias Peres elevava-se nos ares de Havana - pela primeira vez sozinho. Um êxito, de que a Ilustración Cubana deu um relato fiel:

"Ao soltarem-se as amarras, o clamor frenético da multidão fez-se ouvir e, com um movimento igual ao que imprime um vendaval em campos de erva alta e espessa, agitavam lenços, bastões e chapéus e não cessavam de saudar o aeronauta que, de pé e com as mãos na cintura, presenciava tranquilo a sua ascensão triunfal."

O regresso a terra firme foi ainda mais emocionante do que a partida, como referiu o Diário de la Habana logo no dia 13: "De repente o globo começou a baixar com grande velocidade tomando uma forma aplanada que indicava ter sido aberta a válvula do aeróstato e havia deixado sair grande quantidade de gás ou que o globo se havia rompido por alguma parte. Deste modo continuou a sua rápida descida que nos fez temer pela vida do viajante do espaço, até que os objectos que se interpuseram entre eles e a nossa vista nos impediram distingui-lo."

Afinal, segundo o relato de Ramón Mesa na Ilustración Cubana, tudo aconteceu porque "o jovem aeronauta abriu com tão pouco acerto a válvula do globo que, travando-se a corda que a movia, impediu que pudesse voltar a fechá-la, pelo que o gás se escapava em grande quantidade".

Bem sucedido, apesar de tudo, à primeira tentativa, Matias não descansou enquanto não preparou a segunda. Desta vez, e graças ao êxito da "estreia", o Campo de Marte, a praça de touros e os lugares circundantes tornaram-se pequenos para acolher todos quantos queriam assistir à façanha do português voador. Mas o inesperado e trágico resultado desta segunda ascensão rapidamente transformaram o ambiente de festa num estado geral de consternação.

Ao dar-se conta do desaparecimento do aeronauta, o gevernador de Havana ordenou a realização de buscas em Pinar del Rio, Havana e Matanzas. A costa das três províncias foi vasculhada palmo a palmo e todos os barcos que saiam para o mar recebiam o encargo de "ir atentos e vigilantes" em busca do náufrago. Nos dias seguintes, Matías Pérez foi objecto de todas as conversas, enquanto se multiplicavam os boatos que o davam como tendo aterrado em Bahía Honda ou em Guanajay, quando não punham mesmo a hipótese de ter ido parar à península mexicana de Yucatán, à Florida ou até a outros lugares dos Estados Unidos.

Enquanto o infortúnio de Matias dava assunto para sucessivas edições dos jornais de Havana, celebraram-se missas em inúmeras igrejas e os santeros fizeram os seus pedidos a Oxum e Yemanjá, para que trouxesse de volta o português. Sem resultado. Matias Pérez voara para nunca mais regressar.

Na boca do povo

À medida que o tempo passava sobre o dia do seu voo triste, solitário e final, Matias Peres deixou de ser objecto de notícia, mas nem por isso entrou no esquecimento do povo cubano, que rapidamente lhe consagrou um lugar de primeiro plano na larga lista de heróis não oficiais da ilha. A inspiração dos poetas populares tropicais encontrou na sua epopeia falhada um magnífico motivo de enredo. E as canções multiplicaram-se, distribuídas em folhetos ou cantadas pelos cegos de Havana. Como esta ode, dedicada "al gran Matías Pérez", que resumia em verso toda a vida do aventureiro luso e começava assim: "El Reino de Portugal / de Pérez la Patria fuera / y en cuerpo y edad creciera / lejos del genio del mal. // Las cuatro partes del mundo / piloto ya recorrió / y en mil peligros se vio / en el piélago profundo. // Más de una vez se miró / en las playas africanas / en la India penetró / el Asia hubo recorrido . // Cuando otra vida escogió / no obstante su edad temprana / en esta opulenta Habana / donde bien mirado ha sido / que feliz ha vivido / sobre la esfera mundana."

Muitas outras trovas mais ou menos imediatistas surgiram entretanto, algumas delas relatando apenas os funestos acontecimentos de 29 de Julho ("Eran las cuatro nublado / estaba azul el cielo / por un negro espeso velo / que todo lo hubo tapado. // En este instante apurado / para el hombre de pundonor / con intrépido ardor / dijo de cualquier manera / quiero mirar de esta esfera / todo su encanto y primor"), outras escritas para vigílias de solidaridade, tão esperançosas quanto inúteis ("Quiera Dios que tanto duelo / como ha inspirado su suerte / termine sin que la muerte / haya su término sido / y el Señor lo tenga asido / de su excelso brazo fuerte"), outras ainda dando voz a um certo sentimento popular de surda recriminação perante a audácia do aeronauta ("Esta afición a volar / en globo y al aire libre / que alcanzó tal calibre / así había de terminar"), mas todas elas de uma ou de outra forma representativas do impacto mundano que teve a aventura do português.

Estas poesias e outras igualmente ingénuas foram mais tarde publicadas num folheto apologético do "heroismo inaudito" de Matias, editado em Havana pela Imprenta Spencer na segunda metade do século XIX com o título "Notícias Recientes y Vida de Matías Pérez".

De acordo com algumas lendas bastante enraizadas na tradição oral cubana, Matias continua algures nos céus de Havana, num constante voo fantasmagórico. Mesmo agora, é possível encontrar em Cuba alguns velhos marinheiros que asseguram vê-lo em noites tormentosas, atravessando os ventos por sobre o mar enfurecido.

Herói nacional

O resto da história de Matias Pérez continua a ser pouco menos que um mistério. Nascido, ao que se supõe, em 1825, teve uma infância e uma juventude de que nada se conhece. Quando desembarcou em Havana, em meados do século XIX, não passava certamente de mais um entre muitos milhares de portugueses em viagem pelo mundo à procura de melhor sorte do que aquela que lhe estava destinada no seu país. Dos seus antecedentes, pouco se sabe - e este pouco chega-nos sobretudo pelos documentos existentes nos arquivos de Cuba e pelas investigações realizadas na ilha, já no século XX.

O seu único retrato conhecido foi descoberto há algumas dezenas de anos, num cartaz de publicidade a uma antiga fábrica de chocolates que adoptou o seu nome: a "Gran Fábrica de Chocolate Matías Pérez", nem menos. Em Portugal, Matias continua a ser um ilustre desconhecido, o que não será de estranhar, dada a quantidade de anónimos cidadãos que, no século passado, se fizeram ao mar, em busca de diferentes condições de vida.

Em contrapartida, não há um só cubano que não tenha ouvido falar dele, quanto mais não seja através da expressão popular "voló como Matías Pérez", utilizada desde há uma centena de anos em Cuba para referir alguém ou alguma coisa que desapareceu sem deixar rasto. Ainda assim, boa parte das pessoas que invocam o seu nome não faz a mínima ideia do sítio onde Matías nasceu. O que não é para admirar: ainda há poucos anos, na própria embaixada portuguesa em Havana havia quem desconhecesse que Eça de Queiroz ali viveu...

No entanto, os que se dedicaram a estudar os feitos de Matías Pérez não têm dúvidas sobre a sua nacionalidade: além dos relatos da imprensa da época, a sua origem é referida em vários documentos e na generalidade dos textos que, ao longo dos tempos, se escreveram sobre o malogrado Matias. "Era português, disso não há dúvidas", garante-me Blas Rodríguez, um apaixonado pelas histórias ancestrais do seu país, que foi adido da embaixada cubana em Lisboa até há alguns anos e actualmente vive em Havana. E mostra um texto publicado na década de 70 ("Un protomártir de la aeronáutica en Cuba: Matías Prérez") onde são citadas diversas fontes da época em que Matias voou, atestando a sua condição lusitana.

Por alturas do centenário da sua ascensão fatal, diversos jornalistas e historiadores cubanos tentaram, sem grande êxito, descobrir os seus eventuais descendentes. Apenas conseguiram localizar uma sua vaga sobrinha, Regla Quesada y Pérez, então com 81 anos, que vivia em Guanabacoa e era filha de uma tal Edelmira Pérez, modista e supostamente irmã de Matias. Mas, do malogrado tio, não guardava outras recordações para além do que lhe havia sido relatado pela mãe.

Apesar disso, muita gente em Cuba continua a defender a sua memória como a do persursor da aeronáutica caribenha. Em 1956, quando se cumpriram cem anos sobre o seu desaparecimento, realizaram-se na ilha diversas manifestações tendentes a relembrar condignamente o "verdadeiro" Matías Pérez, "um dos primeiros mártires da aviação cubana", como lhe chamou a aviadora Teresina del Rey. O Ministério das Comunicações autorizou mesmo a feitura de um carimbo comemorativo, afixado em todos os sobrescritos apresentados no dia 29 de Junho desse ano na Oficina Filatélica de Havana.

Mas foi preciso aguardar por 1965 para que, em pleno governo revolucionário, Matias Pérez tivesse finalmente uma grande homenagem nacional, com um conjunto de iniciativas que incluiram a emissão de uma série de selos postais dedicados aos "pioneiros do ar", que ele personifica como mais nenhum outro em Cuba. Num dos selos pode ver-se a uma representação gráfica da ascensão de Matias a partir do Campo de Marte, e, no outro, a sua derradeira passagem sobre o Castelo de la Chorrera.

Desconhecido, ainda, no país onde nasceu, Matías Pérez conta-se, actualmente, entre os mais populares heróis nacionais cubanos. Não tanto pelo que fez, mas sobretudo pelo que se supõe que terá feito, quando, a bordo de um balão primitivo, se elevou nos ares, perante os olhares atónitos de milhares de cubanos e voou rumo ao infinito. Como só Matías Pérez sabe fazer.

O Independente | 2000