Estavam onde era preciso, sempre que era preciso. Uma viola, um microfone e um estrado a fazer de palco era quanto bastava para que houvesse espectáculo. A poesia estava na rua e as vozes dos cantores davam-lhe forma de modo claro e preciso, que o tempo não era para meias palavras. Eram os chamados «cantores de intervenção», para quem a arte era sobretudo um veículo de divulgação dos ideais políticos mais marcantes da época.
José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, José Mário Branco e Luís Cília foram os pioneiros desse canto novo, ainda durante a década de 60. O movimento alargou-se, entretanto, ao ritmo da degradação do regime: Manuel Freire, António Vieira da Silva, Samuel, Duarte e Ciríaco, José Jorge Letria, José Barata Moura e vários outros dão corpo ao que ficaria conhecido como «o movimento dos baladeiros», que teve um veículo de divulgação privilegiado no programa «Zip Zip». E, quando se dá o 25 de Abril, este movimento espontâneo já abrangia uma apreciável quantidade de cantores, músicos, poetas e compositores empenhados em fazer da cantiga uma arma.
«A canção foi, nessa altura, um veículo de dinamização e mobilização das pessoas», recorda o ex-padre Francisco Fanhais, que a partir de 1969 se juntou aos que, em Portugal e no exílio, cantavam a necessidade de um país novo. «Nessa altura, o mais importante eram mesmo as letras, através das quais pretendíamos criar uma força colectiva que ajudasse as pessoas a tomarem consciência da situação que se vivia no país.»
Todo esse grande movimento artístico de oposição ao fascismo adquire uma dimensão nova com o 25 de Abril. Os diferentes posicionamentos políticos, nas diversas áreas da esquerda, dos vários protagonistas, acabam por gerar os inevitáveis desentendimentos. Tal e qual como na restante sociedade civil.
O «espírito do GAC»
Ao desembarcar em Lisboa, José Mário Branco respondia a uma pergunta do repórter da RTP António Santos afirmando não saber ainda o que iria fazer de seguida. «Vai ser preciso falar com os camaradas», dizia. Poucos dias depois, no Coliseu do Porto, o mesmo José Mário Branco lia o comunicado do «colectivo de acção cultural» onde, ao longo de vários considerandos, os cantores definiam aquilo que propunham ser as linhas mestras da sua actividade daí em diante.
O «colectivo» dura apenas alguns dias: o CAC acaba por se desfazer em resultado das divergências ideológicas dos seus protagonistas e das suas cinzas nasce o GAC (Grupo de Acção Cultural), mas neste já não estão os cantores alinhados com o PCP (Adriano, Cília, Letria, entre outros), nem tão pouco os independentes, como José Afonso, Sérgio Godinho ou Vitorino. Fausto ainda colabora com o grupo (nomeadamente compondo «O Poder Às Classes Trabalhadoras», que na edição em disco se transforma em «O Poder Aos Operários e Camponeses», para corrigir o «desvio trotskista»), mas por pouco tempo. Nada disto impede, porém, que o GAC venha a tornar-se um dos mais emblemáticos símbolos musicais do PREC.
José Mário Branco emerge como o líder natural do GAC, ao lado de Luís Pedro Faro, Fernando Laranjeira ou Afonso Dias - que em Dezembro de 1975 irá substituir o deputado da UDP Américo Duarte na Assembleia Constituinte. Ao núcleo inicial juntam-se, pouco tempo depois, vários elementos do coro da Juventude Musical Portuguesa e, em poucos meses, o GAC já era um dos casos mais sérios da música portuguesa de então.
Pelo GAC passaram nomes como Eduardo Paes Mamede, Carlos Guerreiro, Tóinas, João Lisboa, Tóinas ou Nuno Ribeiro da Silva. Passada a euforia revolucionária, cada um irá seguir o seu caminho: Paes Mamede dedica-se à composição e à produção discográfica (são dele os arranjos do emblemático «Por Este Rio Acima», de Fausto); Carlos Guerreiro passa por diversos projectos musicais que irão culminar na constituição, há três anos, dos Gaiteiros de Lisboa; Tóinas experimenta a música medieval no grupo La Batalla e, depois de alguns anos em que viveu nos Estados Unidos, é actualmente professora de Português no ensino secundário; João Lisboa mantém-se ligado à musica, mas agora como crítico e divulgador, no «Expresso»; e Ribeiro da Silva tornou-se administrador de uma empresa de serviços, depois de durante alguns anos ter sido secretário de Estado do governo de Cavaco.
Apesar dos diferentes caminhos seguidos por cada um, uma parte importante do «espírito do GAC» permanece vivo para a maioria dos seus antigos membros, que continuam a encontrar-se com alguma regularidade, agora sobretudo para conviver e relembrar histórias antigas. No caso de Nuno Ribeiro da Silva, nem durante o tempo em que desempenhou funções no governo se afastou dos seus antigos companheiros. Pelo contrário, nessa altura fazia mesmo questão de garantir que a sua passagem pelo GAC lhe deu «uma perspectiva mais variada e rica do comportamento das pessoas». E, numa entrevista a O Jornal, em 1992, pouco tempo depois de assumir a Secretaria de Estado da Juventude, não se coibia de falar da actividade do GAC como «um trabalho notável».
Pôr tudo em causa

«Foi um tempo de grande generosidade e tudo aconteceu de acordo com esse empenhamento», explica Eduardo Paes Mamede. «Para mim, tal como para muitos dos meus colegas, o GAC aconteceu no seguimento da necessidade que havia de tornar o discurso musical mais participativo ao nível das pessoas.»
Paes Mamede, tal como Tóinas, Ribeiro da Silva ou Luís Pedro Faro, vinha do coro da Juventude Musical Portuguesa. Durante três anos participou na maioria das 900 «sessões» que o GAC realizou por todo o país. «Isso deu-me uma grande experiência de palco e permitiu-me uma grande aprendizagem de produção discográfica, foi uma autêntica escola», acrescenta o músico, que presentemente reparte a maioria do seu tempo entre a composição de música para teatro e a produção de discos. Além disso, prepara a gravação de um conjunto de temas de carácter erudito, baseados em poemas de David Mourão-Ferreira e que serão cantados por Carlos Mendes, bem como de um «Stabat Mater» para piano e coros, enquanto procura inventar tempo para terminar a escrita de «Finisterrae», a ópera que começou a escrever há uma boa meia dúzia de anos: «É uma coisa que me está atravessada, porque ainda não consegui arranjar os seis meses de que preciso para me dedicar exclusivamente a ela», diz.
Na altura do 25 de Abril, Eduardo Paes Mamede cumpria o serviço militar na Secretaria Geral de Defesa Nacional, na Cova da Moura, onde tinha sido colocado em Março desse ano, depois de ter feito a instrução em Santarém, sob as ordens de Salgueiro Maia. No dia da revolução estava convocado para uma entrevista na sede da Pide, destinada a avaliar a sua capacidade para lidar com informação ultra-secreta da NATO. «Como já tinha tido alguma actividade política enquanto estudante, estava com receio do que iria acontecer.»
Sabe do golpe de Estado pelo taxista que deveria levá-lo à Rua António Maria Cardoso e vai de imediato para a Cova da Moura onde, por ironia do destino, irá passar os dias seguintes a prender supostos informadores da Pide. Depois, já no GAC, participará, com os militares, em inúmeras acções integradas nas «campanhas de alfabetização» do MFA.
«Olhando para trás e fazendo um balanço, não tenho dúvidas de que o GAC só poderia existir naquela época», diz Paes Mamede. «Era um tempo de grande agitação social que reuniu energias dos mais diversos sítios, todas com um objectivo de solidariedade, expressas através de um conjunto de ideias em que todos acreditávamos.»
Para muitos dos seus elementos, o GAC foi ainda uma escola de formação política e humana. «Eu estava com uma enorme crise de valores e aquilo apareceu como a causa, a razão da minha vida», lembra Maria Antónia Vasconcelos, a Tóinas, que em 1975 se tornou numa das mais carismáticas vozes femininas do período revolucionário e para quem José Mário Branco escreveu a «Cantiga Sem Maneiras».
Filha de um fundador do CDS, Tóinas viu-se envolvida numa «crise familiar profunda e dolorosa» quando decidiu juntar-se ao GAC. «Mas acreditei naquilo que estava a fazer e não houve dores que me impedissem», conta. «E além disso eu tinha uma grande paixão em cantar, era uma coisa que me dava uma felicidade muito grande.»
Vinte anos depois do desmembramento do grupo, Tóinas garante que não está nada arrependida: «Tenho mesmo muito orgulho dessa época», diz. «E tenho pena que a geração dos nossos filhos não tenha tido a possibilidade de viver um tempo assim. A gente pôs em causa tudo, literalmente tudo. E, em termos de pensamento, isso deu-nos depois uma capacidade de tolerância muito grande, justamente porque já pusemos tudo em causa.»
Nostalgia de valores
Poucas canções terão sido tão insistentemente cantadas, nas semanas que se seguiram ao 25 de Abril, como o tema de Ermelinda Duarte, «Somos Livres» («Uma gaivota voava, voava...»), que objectivamente se tornou no primeiro hit da revolução. Actriz do teatro Ádoque, Ermelinda teve aí a sua primeira e única experiência discográfica. O teatro permaneceu como a sua opção essencial e, na realidade, a actriz nunca cedeu à tentação de se tornar cantora. Actualmente, o seu trabalho principal consiste na dobragem de filmes de desenhos animados para crianças.
Entre os «cantores retirados» contam-se também nomes como Alfredo Vieira de Sousa, bancário em Lisboa (e que com Carlos Alberto Moniz, Maria do Amparo e Madalena Leal fez parte do Grupo Outubro) ou Nuno Gomes dos Santos, ex-jornalista e actualmente um dos responsáveis pelos Serviços Culturais da Câmara Municipal de Almada, que integrou o Intróito. Nem por isso, contudo, se afastou por completo da música, a que continua ligado sobreteudo como autor de textos para diversos intérpretes e programas de televisão.
Dos mais activos participantes nas chamadas «sessões de canto livre» foi, no entanto, José Jorge Letria, ao tempo militante do PCP, que logo após o 25 de Abril se assume como um autêntico cantor de palavras de ordem, vertente claramente explicitada logo no primeiro disco que gravou em liberdade: um single com os temas «A Vitória é Difícil Mas é Nossa» e «Só de Punho Erguido a Canção Terá Sentido».
Chegou às cantigas quando tinha 17 anos e por ali se manteve durante até 1982, altura em que optou por dedicar-se à produção poética autónoma. Jornalista profissional, passou pelo República, O Diário e, mais recentemente, foi editor do Jornal de Letras. Acabaria por se afastar do PCP na sequência da «perestroika» de Gorbatchov e é actualmente vereador eleito pelo Partido Socialista na Câmara da sua terra natal, Cascais. Aos 45 anos, Letria guarda dos seus tempos de cantor de intervenção a ideia da «grande generosidade de juventude, que nos fazia dar o melhor de nós mesmos». E acrescenta: «Antes do 25 de Abril eu não estava enquadrado partidariamente e portanto estava bastante mais aberto, valorizando sobretudo a vertente rebelde, através do humor, a utilização dos tangos, tudo isso. Após a revolução, tudo passou a ser diferente, a minha intervenção tornou-se muito mais ideológica e panfletária.»
Dessa época, Letria recorda ainda «as actuações que se faziam, de qualquer maneira, frequentemente nas piores condições» de norte a sul do país: «Enrouquecemos, envelhecemos, cansámo-nos. Pessoalmente, arrisquei tudo: a liberdade, a saúde, o sonho. Mas, mesmo que não tenhamos ajudado a mudar nada, acho que valeu a pena. A avaliação política que hoje faço disso tudo é que, no estrito quadro politico-partidário, teve eficácia como instrumento de agitação. Mas claro que a avaliação estética já não é tão positiva, ali o que contava era a mensagem política, em nome da qual não nos importávamos de sacrificar os valores estéticos.»
A decisão de deixar de cantar tomou-a quando se deu conta de que «o cantor estava a matar o poeta». E assim, após a publicação de «Fruta da Época», o seu último disco, entende que «o que tinha para dizer já estava mais do que dito» e decide «calar o cantor para que o poeta emergisse». É também por essa altura que publica «O Desencantador de Serpentes», livro que, segundo o seu autor, «já reflectia algum desencanto relativamente à estrutura política a que pertencia». Hão-de passar-se ainda mais de meia dúzia de anos antes que José Jorge Letria abandone o PCP, mas a sua intervenção já só muito esporadicamente voltou a passar pelas cantigas.
«Penso que fiquei a dever muito à música e à minha actividade de cantor, tanto na poesia como no jornalismo», afirma. «A nostalgia que me ficou foi sobretudo a nostalgia dos valores, de um sentido de fraternidade e de camaradagem que eu experimentei com uma intensidade que nunca mais se repetiu nem repetirá. E, globalmente, não me arrependo de nada do que então fiz.»
Um país «poucochinho»

Afastado das cantigas, mas não da música, está também Luís Cília, hoje com 54 anos, que em fins da década de 60 compôs o «Avante Camarada» para o PCP, a que pertenceu até princípios dos anos 80. Cília vivia em Paris e o hino, que veio a ser gravado em Moscovo por Luísa Basto, foi uma encomenda do seu controleiro político de então, Carlos Antunes.
Luís Cília regressou a Portugal cinco dias depois da revolução, juntamente com José Mário Branco e Álvaro Cunhal: «Quando cheguei fiquei surpreendido com o vermelhão total de que este país estava invadido», recorda. «E dois dias depois dei uma entrevista ao Mário Contumélias para a revista «Cinéfilo» em que, para marcar uma posição bem nítida, disse que considerava o Alfredo Marceneiro um cantor revolucionário. Não foi uma coisa nada inocente, relativamente ao que se vivia na época e a uma certa intolerância a que eu não estava habituado.»
Do seu passado de cantor, Luís Cília garante que já existe «uma grande distanciação, porque não tenho mentalidade de antigo combatente». Actualmente dedica-se exclusivamente à composição, sobretudo para espectáculos de bailado e teatro, opção que tomou porque «em Portugal não há condições para quem, como eu, queria fazer pequenos recitais no maior número de cidades possível».
Entre os seus trabalhos mais recentes contam-se as músicas feitas para as peças «As Presidentes», no Teatro Aberto, e «O Bingo», de Edward Bond, no Teatro da Malaposta. Escreveu ainda as músicas para o «Conto de Natal» de Miguel Torga, realizado por Cecília Neto e transmitido pela RTP em Dezembro, e para «Seven Changes», um filme mudo de Buster Keaton, que brevemente deverá ser apresentado, como escolha de Júlio Pomar, no programa «O Filme da Minha Vida».
Do que fez nos últimos anos guarda com especial ternura a recordação dos primeiros concertos de Léo Ferré em Lisboa, de que foi um dos promotores: «O que mais gozo me deu foi o facto de termos proporcionado a Portugal a possibilidade de conhecer ao vivo uma pessoa com a dimensão artistica e humana do Ferré», diz. «E não foi menor a alegria de ver que ele se apaixonou por este país.»
Músico de características assumidamente minoritárias («a minha ambição seria poder vender um milhão de discos e passar despercebido na rua», diz com ironia), Cília rejeita, no entanto, o discurso miserabilista: «Apesar de Portugal ser um país "poucochinho", não me posso queixar muito», diz. «Eu gosto de trabalhar com pessoas que sei que gostam do meu trabalho e como ainda não tive a ambição de comprar um maseratti, posso considerar-me uma pessoa satisfeita.»
Viver na província
Diferentes opções foram as dos cantores que, como Manuel Freire, Vieira da Silva, Tino Flores ou Francisco Fanhais, optaram por viver fora dos grandes centros. Para nenhum deles a música constitui, actualmente, a opção essencial das suas vidas, ainda que, para todos eles, a canção continue a ser uma actividade importante e que continuam a praticar sempre que possível.
«Continuo, no fundo, a fazer exactamente as mesmas coisas e da mesma maneira que sempre fiz», explica Manuel Freire, presentemente a trabalhar na área comercial de uma fábrica de limas, em Vieira de Leiria. «Em termos musicais nunca fui um gajo muito circunstancial, apesar de algumas coisas desse tipo que fiz em 74 e 75. E como nunca me quis profissionalizar nas cantigas, sou talvez aquele cuja história se mantém mais igual ao que foi nessa época, ainda que naturalmente com menos comícios e mais sessões culturais.» Destas, Freire gosta sobretudo de «ir às escolas, falar sobre os poetas» que ajudou a divulgar como poucos, em Portugal. «Ainda hoje, o que mais gosto de fazer é musicar poetas.»
A escolha de poesia alheia foi também a opção artística de Francisco Fanhais, a quem se deve a divulgação de alguns belíssimos textos de Sebastião da Gama, António Aleixo, Sophia de Mello Breyner e vários outros. A viver no Alvito «por opção» desde 1984, manteve durante dois anos uma experiência agrícola com o antigo dirigente da LUAR Camilo Mortágua, após o que passou a dar aulas de Educação Musical em Beja. Agora frequenta um curso para professores de música que lhe permitirá profissionalizar-se.
Frequentemente participa em sessões de cantigas que, no essencial, são muito semelhantes às que realizava nos tempos do PREC, ainda que já sem toda a carga de agitação política desse tempo.
«Eu acho que as pessoas têm vindo a perder a capacidade de indignação, o que é mau», diz Fanhais. «Gostava que o pessoal não se deixasse adormecer no rame-rame desta democracia formal onde ainda falta fazer tanta coisa. Pessoalmente, continuo disponível para o que for necessário, sempre que seja possível.»
Posição semelhante tem Tino Flores, proprietário de uma quinta em Guimarães, e que divide o seu tempo presente entre o trabalho agrícola e as actividades culturais. Dono de um dos discursos mais radicais e mais directos do pós-25 de Abril (em 1974 gravou mesmo um disco intitulado «Isto Só Vai à Porrada»), garante que se limitou a fazer «o que tinha de ser feito», em função do tempo que se vivia: «É claro que a minha posição perante as coisas, hoje, não é exactamente a mesma dessa altura. Mas não estou nada arrependido daquilo que fiz. E se nessa altura as canções se pareciam com palavras de ordem, era porque as circunstâncias assim o exigiam.»
De resto, Tino Flores acredita que a história veio a dar razão àqueles que, como ele, então cantavam coisas como «Fogo», «Nem Mais Um Soldado Para as Colónias» ou «Deserção». Hoje continua a acreditar que «é preciso agitar a malta» e, sobretudo, que é necessário «transmitir aos jovens a memória de coisas importantes que se fizeram». Pelo seu lado diz-se «totalmente disponível» para dar testemunho das suas experiências. E acredita que vale a pena: «Eu não sou dos que pensam que há uma geração rasca em Portugal.»
In Expresso | 25.Abr.1997