«Quando você quiser conversar e não tiver com quem, venha até cá. Já viu que eu falo muito.» À porta da sua casa, na Rua de São Bento, Amália Rodrigues despede-se com um sorriso. A cavaqueira podia prolongar-se indefinidamente, com a certeza de que haveria sempre coisas novas para dizer. «Não penso naquilo que digo. As palavras acontecem-me.»
Assim me falava a musa maior do fado, na longa entrevista que realizámos por ocasião do lançamento de "Lágrima", em 1983 - um disco surpreendente, com textos da própria cantora, versos quase sempre tristes, mas salutarmente vivos, nostálgicos, portugueses. Como Amália Rodrigues, nascida em 1920 de uma família pobre e celebrizada nos quatro cantos do mundo porque «Deus quis que assim fosse».
«Eu não passei pela vida, a vida é que passou por mim», afirmou ao seu biógrafo Vítor Pavão dos Santos. E assim, entre a sua estreia (aos 19 anos, no Retiro da Severa), e a sua última actuação pública, em 1994, Amália nunca deixou de se surpreender com o que a vida lhe deu. Transformada num símbolo do fascismo caseiro de Salazar, nem por isso se sente menos identificada com os seus pares: apresenta-se nos mais importantes palcos de todo o mundo, conhece actores e escritores famosos, reis e presidentes, mas nunca esquece as suas origens humildes. E acabará por ser o regime democrático a consagrar-lhe as maiores distinções. Ao condecorá-la com o grau de oficial da Ordem do Infante, o então Presidente da República, Mário Soares, descreve-a como «uma mulher conservadora, crente e naturalmente apolítica, mas que soube conviver muito bem com a Revolução dos Cravos».
Ainda assim, o 25 de Abril trouxe-lhe alguns momentos amargos, pela conotação da sua imagem com a propaganda do regime deposto, e pela memória curta de alguns, esquecidos ou ignorantes das suas atitudes solidárias. Com Alain Oulman, por exemplo, quando este francês de alma lusitana, autor de alguns dos mais belos fados de Amália, foi preso pela Pide. Ou com a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, para onde terá contribuído «da mesma forma apaixonada e talvez ingénua com a qual agradeceu aos donatários salazaristas que lhe proporcionaram a ela, rapariga do povo, os palcos, os microfones», segundo o dirigente comunista Rúben de Carvalho. Mas as mágoas pós-revolucionárias não lhe tolheram a capacidade de distinguir entre as duas realidades: «A diferença entre vocês e os de antigamente, é que vocês sentam-me à vossa mesa», afirmou uma vez. «Os outros recebiam-me muito bem, gostavam muito de mim e de me ouvir cantar, mas era diferente, só era recebida no fim, para cantar.»
Em liberdade, o poeta Manuel Alegre pode finalmente confessar que se emocionava quando, no exílio de Argel, ouvia os discos de Amália: «Sentia um bocado de Portugal comigo, porque no fundo ninguém como ela exprime o que defino por a nossa atlanticidade, essa forma melancólica e nostálgica que é a saudade.» Amália sobreviveu às transformações sociais e políticas do seu país, e quando deixou o mundo dos vivos, a 6 de Outubro de 1999, era já uma figura consensual. Pelos quatro cantos do mundo, por onde andou, a sua voz continua a fascinar, vencendo a morte. Porque é humana, como a sua história.
- A Amália é uma pessoa triste?
- Não! De maneira nenhuma... [hesita] Quer dizer: sou um bocadinho triste... [pausa] Não. Sou toda triste. É isso: sou mesmo uma pessoa muito negativa. Mas também sou capaz de andar pelo campo a dançar o malhão. Tenho os dois extremos. Sou, realmente, uma criança. E, quando regresso a mim mesma, ao mundo, a esta normalidade cheia de máquinas e de barulhos e de gentes, já me sinto mais amedrontada. Como um animal que vai atravessar uma rua e tem medo do automóvel.
- Falou do "regresso à normalidade". O que é, para si, a normalidade?
- A normalidade é o andar para a frente e não para trás. Nós não andamos com as mãos no chão nem a fazer o pino. Essa é, para mim, a normalidade. A outra, que vocês conhecem, que diz que não existem anormalidades, essa não é para mim, que não sou intelectual. A minha normalidade óptima seria viver num mundo de montanhas, céu, mar, flores...
- Gostava de viver fora da cidade, nas montanhas?
- Gostar, gostava... Mas, ao mesmo tempo, falta-me a coragem para isso. Tal como me falta por vezes coragem para estar neste lado da vida, que não me diverte, falta-me também coragem para ir para o outro, porque não sei o que hei-de lá fazer. Afinal, eu nasci numa cidade e necessito de coisas que não tenho na montanha: o médico, a casa, eu sei lá... Sinto-me é completamente livre quando lá vou, como se fosse uma folha ao vento. Mas não fui, porque tenho medo...
- Medo?
- Sim. Eu tenho sempre muito medo de poder ficar doente, do frio que me constipa. Eu gostava de ser cigana, de viver no meio daqueles "perompomperos"... E tenho a impressão que talvez só aquela parte mais dura do Inverno custasse a passar. De resto, a tendazinha e a frigideira à porta não me incomodavam muito...
- Como é que a Amália, em 1983, vê a Lisboa de agora? Acha que está melhor ou pior do que há uns anos?
- Eu sou de Lisboa, não é? Quanto a mim, a cidade está pior do que estava quando eu a conheci, em miúda. Mas nunca fui uma pessoa que prestasse muita atenção às coisas. Eu moro na Rua de São Bento há vinte e tal anos e, às vezes, passo por um sítio que me parece novo e, afinal, já lá está há não sei quantos anos, eu é que não prestei muita atenção... Mas, dantes, sempre que eu chegava do estrangeiro achava Lisboa um paraíso. Era uma cidade em que eu podia andar, quase não havia trânsito, era muito diferente daquelas grandes estradas que eu via lá por fora. Lisboa era uma cidade limpa. E, nesse aspecto, Lisboa está pior. Muito diferente do que era. Está como eu...
- Alguma vez pensou no que gostaria de fazer se um dia deixar de cantar?
- É claro que um dia eu vou deixar de cantar. É fatal como o destino... Desde há mais de vinte anos que eu venho dizendo que não canto mais. Quando comecei a cantar tive sempre a impressão de que ninguém gostava de me ouvir. E esse medo, em vez de me passar, tem aumentado. Mas, depois, há sempre aquele "bichinho" que acaba por vencer. E, ultrapassado esse medo inicial, os aplausos fazem-me sentir que as pessoas gostam de mim. Como artista e como pessoa. Porque eu sei que a maior parte das pessoas que gostam da Amália, gostam também da pessoa que já se habituaram a conhecer ao longo dos anos. Porque nunca as desiludi numa conversa ou numa entrevista, nunca me propus mudar os caminhos do fado, nunca me propus fazer coisas extraordinárias sobre a arte, nunca ofereci coisas que não podia dar. E quando deixar de cantar? Olhe, deixo de cantar...
- Costuma preocupar-se com o futuro?
- Não, não.
- Prefere o presente?
- Não. Nem o presente, nem o futuro, nem o passado...
- Em que pensa, normalmente?
- Eu, normalmente, não penso. As coisas acontecem-me, mas não penso em nada. Todos estes gestos que eu estou a fazer não são pensados. Todas as coisas que eu digo também não são pensadas. Acontecem... Ainda hoje à tarde ia no carro a ouvir umas cassetes com as coisas que cantei recentemente na Holanda. E todas as coisas que eu cantava, desde a "Gaivota" ao "Povo Que Lavas no Rio", todas elas estão diferentes do que eram. Eu também não penso para cantar. Sou assim, sempre fui assim. Não tenho mérito nenhum por isso mas também não tenho complexos...
(Durante a conversa, Amália gesticula, ri-se das suas próprias contradições, fala abertamente. Lembro-me da imagem mitológica que foi criada à sua volta e constato, com satisfação, que afinal é mentira. Amália fascina, sim, mas porque é humana. Porque vibra com as suas próprias palavras sem pensar nas consequências. Porque não tem nada a ver com os deuses: o seu fascínio vem da sua força de se sentir mulher. Que viaja com o mesmo à-vontade pelos belíssimos poemas de Alexandre O'Neil e pelas cantigas brejeiras de Carlos Paião. Que se apresenta no Olympia de Paris ou no Coliseu de Lisboa como quem canta pela primeira vez.)
- A Amália é quase uma unanimidade nacional. Como é que se sente nessa pele?
- Não acredito que haja alguém que possa ser uma unanimidade. Há sempre quem não goste, há sempre quem diga que eu canto mal ou coisas assim. Porque carga de água é que toda a gente deveria gostar de mim? Agora o que é certo é que alguma coisa se passa comigo, porque é muito raro uma pessoa conservar-se durante 42 anos numa carreira, sobretudo quando se é português e essa carreira se faz à custa do fado. Houve um jornalista brasileiro que disse que eu escolhi a coisa mais difícil para se ter êxito no mundo: o fado. E eu acredito que é verdade, principalmente no mundo de hoje... O fado não tem um acompanhamento de orquestra, depende quase totalmente da pessoa que canta.
- E do modo como se canta ...
- ...e, claro, eu sou portuguesa. E tenho a timidez própria dos portugueses, tenho os "complexos" desta terra que me acompanham por toda a parte. Foi essa timidez que não me deixou ficar em lugar nenhum do mundo: fui convidada para fazer teatro em França e recusei. Queriam que eu fizesse a "Mãe Coragem", havia actores que diziam que o meu lugar era no teatro. Fui convidada para ficar na América e não fiquei. Porquê? Porque, no fundo, ficava contente por me convidarem, mas também tinha medo. E preferia voltar para casa, como uma galinha regressa ao poleiro quando está a chover... Fui estúpida, por um lado. E tanto o fui que até gosto de ter sido estúpida... Isto é muito complicado! [ri-se] Tive uma carreira internacional muito grande, cantei nas melhores casas de espectáculo do mundo, cantei para as colónias dos portugueses em toda a parte, fui aplaudida por toda a gente, mas não tirei partido disso. Porquê? Por falta de ambição. Porque depois tinha que ir àqueles almoços com gente importante, "monsieur, comment allez vous?", e não me sentia à vontade... Quero dizer: a minha ambição não me chegava para ser alguém, se não fosse Deus ter-me feito alguém... Eu sou assim. Não tenho orgulho nenhum em ser assim...
- Mas sente-se bem assim...
- Sinto. Mas não tenho orgulho nem tenho vergonha. É como ser do povo. Também não tenho orgulho nem vergonha. Sou, pronto. Nasci no povo. Mas não ando para aí a dizer que tenho orgulho ou que tenho vergonha. Não tenho, por que é que deveria ter?
- Isso terá alguma coisa a ver com aquela velha ligação dos portugueses à terra de origem? Com o gostar do seu "poleiro", como disse?
- Acho que tem, pelo menos em parte. Mas claro que há muitos portugueses que gostam da sua terra e vão lá para fora, procurar melhor vida. Isso nunca aconteceu na minha família, pelo menos que se saiba. E não era porque se vivesse bem.
- Sente-se bem na pele de portuguesa ou gostaria de ter nascido noutro sítio?
- Não, eu sou portuguesa. E não gostava nada de ter nascido noutro sítio. Sou muito portuguesa. E costumo até dizer que, mesmo no palco, sou três vezes portuguesa: uma por condição, outra porque sou fadista e outra ainda porque sou portuguesa, muito portuguesa. Isto em mim é quase ridículo, hoje até já nem se usa ser assim... Ainda há dias, na Bélgica, houve um grupo de portugueses que levou a bandeira para o meu espectáculo e eu fiquei toda arrepiada, com vontade de chorar, sabe como é? Mesmo quando as pessoas me dizem que a nossa História não foi como me ensinaram, eu não quero aceitar. Porque ou gosto das histórias como eu quero. Como quando me disseram que a Severa não morreu de amor, mas de uma indigestão de borrachos... Para que hei-de acreditar nisso, se gosto mais da outra história? Não quero. A minha pele de portuguesa é tal que, muitas vezes pergunto a mim mesma: "Será que Portugal é mesmo assim ou sou eu que quero vê-lo assim?" Ainda não descobri...
(Comove-se, deixa escapar uma lágrima a sério. Cala-se por uns momentos, quase que a pedir desculpa. «Eu sempre fui assim, mas agora estou uma piegas...» Amália, tal e qual, gente entre a gente. Sem mantos enevoados de falso endeusamento, sem outra personalidade que não seja ela própria. Amália, a mulher e a artista, capaz de conversar durante horas a fio a propósito de coisas simples. Das suas canções, por exemplo.)
- Os textos de "Lágrima" foram escritos por si, tal como aconteceu com "Gostava de Ser Quem Era". Existem pontos de contacto entre os dois trabalhos?
- Bem... É, pelo menos a mesma pessoa que escreveu os versos. O outro disco foi feito numa época em que eu estava doente, julgava que ia morrer. E quis fazer o disco por isso mesmo, para que ficasse de mim qualquer coisa muito pessoal. Gosto desse disco. Comove-me. Há ali uma entrega muito grande, uma "queixa" muito evidente...
- Acha que o fado pode modificar-se? Como é que encara as tentativas de renovação que têm sido feitas?
- Penso que não estão a resultar. Acho que a renovação está dentro das pessoas. Se quem canta traz qualquer coisa de original, aí existe uma renovação. Agora o propósito de renovar... Um propósito é uma atitude, e isso não chega. Como é que alguém pode dizer: "Agora vou ser inteligente"? A história do fado tem muito que se lhe diga e, ao mesmo tempo, não tem nada. O fado precisa de tudo o que a gente tem para dar, mas é necessário que essas coisas sirvam para o fado. Porque, no fundo, há um padrão de bom gosto e outro de mau gosto. Eu sei que, através de mim, o fado já teve muitas mudanças, sem que eu me propusesse a isso. Aconteceu. Eu faço sempre as coisas da forma como gosto, sem pretensões de fazer assim ou assado... Eu não sei nada de nada, mas tenho alguma intuição. De outro modo, não estava aqui a falar consigo há tanto tempo. Quando comecei a cantar, escolhia, entre o que tinha à minha disposição, aquilo que pensava ser o melhor. E só aí umas três ou quatro vezes é que cantei coisas de que não gostei.
- Quais?
- Já nem me lembro. Cantei já tantas coisas... E tenho sempre a mania de mudar de repertório. Claro que tenho alguns fados que são paixões eternas, mas nem já desses me lembro...
- "O Senhor Extraterrestre", por exemplo. Gostou de ter cantado esse tema?
- Diverti-me. Claro que não é o meu tipo de cantiga, mas eu também não sei bem qual é o meu tipo. Eu nunca tive uma atitude fadista. Eu sou uma mulher. E você acha que é preciso dizer que o sou? Também não preciso dizer que sou fadista. Canto, apenas, aquilo que posso. Nunca disse a ninguém que sou fadista. As pessoas é que dizem que eu o sou... O "Extraterrestre"? Foi uma coisa que me divertiu. Ficou mal gravada... A letra não tem responsabilidade nenhuma, a música também não. Nem eu...
- Tem pelo menos a responsabilidade de ser a Amália...
- E que culpa tenho eu de que me fizessem Amália? Eu não posso ser como cada pessoa quer que eu seja. Porque, umas por bem, outras por mal, as pessoas querem que eu seja ou um diabo ou uma santa. E, para ser honesta comigo própria, tenho de ser como sou. E creio que foi essa honestidade que fez com que as pessoas gostassem de mim. E não me largaram porque há uma verdade qualquer em mim, há uma identificação dos portugueses comigo. Eu sinto isso de cada vez que vou lá fora e me pedem para cantar a "Casa Portuguesa", por exemplo. Porque temos coisas em comum, temos muito a ver com as quatro paredes caiadas, com as sardinhas assadas, sei lá... E nada disso existe nos sítios onde estão os emigrantes. Há uma certa crueldade nesses países. E eu sinto que os portugueses têm mesmo saudades de Portugal, sabe? Saudades de si próprios, dos seus ambientes, das suas cantigas... Você poderá dizer: "Estás para aí a falar porque estás aqui, nesta casa, bem instalada..." Pois estou. Mas lembro-me muito do tempo em que não estava. Quando ia comprar azeitonas e as comia todas pelo caminho. E quando chegava a casa "apanhava", claro. Porque as azeitonas iam ajudar qualquer coisa que se fazia na nossa casa. E lembro-me do contentamento que tinha quando alguém me dava uns sapatos novos. Isso hoje já não acontece. A minha tristeza de agora é bem pior do que a dessa altura. Porque não tenho nada que procurar, não tenho ambições...
- Considera que já atingiu tudo o que pretendia da vida?
- Eu nunca pretendi nada da vida. A vida deu-me o que eu recebi, com surpresa tanto para as coisas boas como para as más. Surpreendeu-me o meu êxito, como me surpreende a maldade das pessoas. Não posso lutar contra as coisas. Aceito-as como elas são.
- Acredita no destino?
- Acredito. Piamente.
- Acha que tudo o que lhe aconteceu foi o que tinha de ser?
- Ah, sim. Era esse o meu destino. Não houve ninguém que me tivesse ajudado a ser eu. A não ser o público que, desde o princípio, começou a comprar o bilhete para me ir ver. Foi o público e um senhor chamado José de Melo, que acreditou em mim desde sempre...
- Foi a Amália que escolheu os poetas que canta? Ou "aconteceu", também?
- Comecei por escolher e por "roubar" nos livros que me vieram ter à mão. Uns que me mandavam, outros não. Há muita gente que escreve versos e me manda os livros. E, normalmente, de trinta casos acontece um ou dois que valem a pena...
- Costuma ler com frequência?
- Eu? Já nem leio. Houve uma altura em que eu acreditava que as pessoas que escreviam aquilo que eu lia eram, realmente, pessoas maravilhosas. Depois conheci as pessoas. E tive muitas desilusões. Agora, já quase nem leio. Tive uma temporada em que, para adormecer, lia histórias de "cowboys"... [Num aparte: «Não escreva isso que até é uma vergonha.» Ri-se: «Eu sei que é uma vergonha, mas não tenho vergonha nenhuma...»] Agora, até já nem isso. Tenho outra "chucha" para adormecer: ouço cassetes, chego ao fim e volto ao princípio. Mas leio pouco. Infelizmente, porque gostava de ler. Mas por um lado é bom, porque me evita esse desencanto de que lhe falei. Se calhar é melhor assim...
In Bocas de Cena | Ed. Campo das Letras, 2003
(Primeira publicação no Se7e | Nov.1983)
/** * Individual Script for nx-YouTubeBox Instance * @package nx-YouTubeBox * * @copyright Copyright (C) 2009 - 2017 nx-designs. * @license GNU General Public License version 2 or later */ defined('JPATH_PLATFORM') or die; ?>