Génese do serviço público de Rádio

Génese do serviço público de Rádio

Um século após as primeiras emissões de rádio de que há notícia em território português, e numa altura em que se assinalam os 80 anos do início das emissões regulares da rádio pública em Portugal, é oportuno lançar um olhar sobre o longo e acidentado caminho que marcou os primeiros anos da rádio no nosso País.

A Emissora Nacional de Radiodifusão (EN, transformada após a revolução dos cravos em RDP, Radiodifusão Portuguesa, e actualmente integrada, juntamente com a televisão pública, na RTP – Rádio e Televisão de Portugal) iniciou a actividade, com carácter regular, em 1935.

Mas a história da Rádio em Portugal começa bastante mais cedo e cruza-se desde muito cedo com a dos «senfilistas» (praticantes da TSF, telefonia sem fios) da primeira década do século XX. Vive os primeiros momentos de esplendor com as «emissões» dos Grandes Armazéns do Chiado, nos anos 20, mas é já só após a consolidação da ditadura do Estado Novo que a Rádio se afirma definitivamente.

Criada num tempo de ausência de liberdade, a rádio começa por ser moldada nos parâmetros da «política de espírito» proclamada e estruturada por António Ferro para melhor servir o regime. Mas nem por isso desprezou o seu papel de serviço público – ideologizado, claro está, e por isso naturalmente manipulador – que no entanto precisaria de mais quase meio século para poder sê-lo em toda a sua dimensão.