Quando decidiu instalar-se temporariamente em Lisboa, Madonna pediu 15 lugares para estacionamento na zona das Janelas Verdes. Os locais veêm-se à nora para arrumar os carros, mas a Câmara de Lisboa – que, através da EMEL, não pára de infernizar a vida aos lisboetas – não hesitou e cedeu-lhe o espaço, a preço de saldo.
Isso deve ter sido suficiente para que a cantadeira norte-americana percebesse que, neste país de pacóvios, qualquer galaréu com alguma notoriedade internacional pode fazer o que bem lhe apetece, porque a lei e as regras do mais elementar bom senso só são válidas para os autóctones.
Agora, a cantante pretendia gravar em Sintra um novo videoclip que, entre outras, incluiria uma cena a cavalo no interior do Palácio da Quinta Nova. Teve azar: o presidente da Câmara, Basílio Horta, achou que as salas de um palácio setecentista não são propriamente um picadeiro, e mandou-a dar uma volta ao bilhar grande.
Agastada, a moça tratou de desabafar com o agente, numa troca de mensagens que o Correio da Manhã publicou este sábado: ela, que só queria “mostrar Portugal ao mundo” e “já deu tanto a este país”, não conseguia que lhe fizessem “um simples favor”. E a culpa é dele (do agente) que a convenceu a mudar-se para cá. Uns ingratos, é o que nós somos.
Claro que Madonna pode sempre recorrer, uma vez mais, aos serviços da Câmara de Lisboa. O inefável Medina, para quem qualquer vedeta pop de segunda categoria vale sempre mais do que quem vive e trabalha na cidade que lhe compete dirigir, arranjará com certeza uma solução à medida de qualquer excentricidade da jovem sexagenária. Com jeito, e nem será preciso muito, até conseguirá galopar nos Jerónimos. Afinal, palácios é coisa que não falta em Lisboa. Nem cavalgaduras.
Publicado no Facebook, 24.Mar.2019